Foi um caminho longo e por vezes penoso. Antes de este blog surgir a ideia era simplesmente passar a limpo o caderninho, fazer umas capas bonitas e fazer uma surpresa. Correu mal, adiou-se demais e a surpresa deixou de ser possivel. Hoje vale a homenagem a quem muito me quiz e que tudo por mim fez sempre a horas sem nunca adiar.
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Sempre gostei de crianças
Desde a minha tenra idade
Vejo nelas uma esperança
Para o bem da humanidade
Ou no campo ou na cidade
E gosto de as ver brincar
Pelos jardins saltitar
Esbanjando felicidade
Sem se lembrarem da idade
Algumas ainda usam tranças
Falando com sinceridade
Sempre gostei de crianças
Elas tem confiança
Pelo futuro que esperam
Mas algumas desesperam
Ao deixarem de ser crianças
Vêm fugir-lhe as esperanças
De acabar com a crueldade
E vi bem poucas mudanças
Desde a minha tenra idade
Só desejam liberdade
Mesmo quando vão para a escola
Algumas ainda pedem esmola
Para vergonha da humanidade
É bem triste esta verdade
Que á fome morram crianças
Neste mundo de crueldade
Vejo nelas uma esperança
Estas crianças de agora
Que amanhã serão adultas
Andarão pelo mundo fora
Como hoje já andam muitas
Neste mundo de falsidade
Que ninguém cumpre o que diz
Que deus as faça feliz
Para bem da humanidade
Para o To Manuel e para a Teresa
Que passem um Natal feliz
É o que do coração lhe deseja
O seu sobrinho Luís
Vou passar o Natal junto
Dos pais, os tios e os avós
Só tenho pena que vocês
Não estejam juntos de nós
No dia em que fazes anos
Rezarei a Deus por ti
Para que ele não me tenha
Mais tempo longe de ti
Anos passam anos vêem
So peço que os que ai passares
Sejam cheios de felicidades
Junto de quem desejares
Deu-se ao fim de 20 anos
O que até nunca se deu
Levar o dia a cavar
Em 24 de S.Mateus
Mesmo no tempo dos farizeus
A que chamavam tiranos
Esse caso nunca se deu
Deu-se ao fim de 20 anos
Nos somos uns seres humanos
Mas tratam-nos como plebeus
Deu-se ao fim de 20 anos
O que até nunca se deu
Cada um pucha pelo seu
A mim custou-me a levar
No dia de s.Mateus
Levar o dia a cavar
Se foi para nos castigar
Tem de dar contas a Deus
Fazerem-nos andar a cavar
Em 24 de S. Mateus
Elvas 25 de Setembro de 1983
Quando vou numa excursão
Em casa deixo os cuidados
E guardo a recordação
Desses dias bem passados
Há quem de mal empregado
O dinheiro das excursões
Há várias opiniões
Alguns estarão enganados
É o tempo mais bem passado
Cá na minha opinião
Por isso esqueço os cuidados
Quando vou numa excursão
Todos que comigo vão
Só os ouço dizer bem
Ainda não ouvi ninguém
A dar outra opinião
Só vejo uma solução
Para ir mais descansado
Quando saio numa excursão
Em casa deixo os cuidados
Se houver dias bem passados
Dos poucos que na vida existem
Sendo então com malta fixe
Esses devem ser contados
Dou-os por bem empregados
Esses dias de excursão
E são por mim sempre lembrados
E quando a recordação
Cá na minha opinião
De certeza certezinha
Que não há melhor excursão
Que são as do Igrejinha
Não é para me agradecer
Ouço por todos os lados
E não me posso esquecer
Desses dias bem passados
24/04/1983
Vi nos bancos do jardim
Alguns velhinhos sentados
Com a vida a chegar-lhe ao fim
E os rostos amargurados
Alguns já são reformados
Da reforma se governam
Já nada do futuro esperam
Disso estão desmaginados
Pois já estão acostumados
A passar a vida assim
E muito desesperados
Vi no banco do jardim
Andam daqui para ali
Sem dinheiro para gastar
Sem tabaco para fumar
Mesmo daquele mais ruim
Ninguêm me disse que eu vi
Seus rostos amargurados
Vi ao passar por ali
Alguns velhinhos sentados
Quando passo por aqueles lados
E vejo aquela cena triste
E o pouco interesse que existe
pelos pobres dos reformados
Eles dão pena coitados
E triste velos assim
Vêm-se tão mal esperançados
Com a vida a chegar ao fim
O se destino é assim
Depois de tanto trabalhar
Ainda tem que mendigar
Se querem chegar ao fim
Para recordarem ali
Penas dos tempos passados
Juntam-se ao pé do jardim
Com os rostos amargurados
20-03-83
. O livro
. Do Luís para a Teresa, Na...
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